28.05.2018 - Mudança para o Algarve (as 6 fases)



Temos saudades do Mapas & Papas. E queremos voltar.

Mas pareceu-nos estranho simplesmente aparecer meses depois, sem uma explicação e sem vos falarmos um bocadinho do que tem sido a nossa vida.

Não que haja apenas uma razão para termos andado desaparecidos, há muitas, e diferentes em cada fase desta mudança.

Por isso mesmo, deixamo-vos com as 6 fases porque passámos:

1. FASE DE ENTUSIASMO DESMEDIDO
Estávamos saturados da vida que levávamos e, apesar de um inicial receio de não estarmos a tomar a decisão certa, assim que dissemos que sim, não cabíamos em nós de entusiasmo. 

A vontade de mudança, os planos para a vida espectacular que iríamos ter, toda uma esperança de este ano novo seria “o ano”. Foi nesta altura que fizemos as mudanças, nos empenhámo-nos tanto em dar um novo ar à casa que alugámos (que até nos esquecíamos de comer enquanto não experimentávamos todas as disposições possíveis do móveis), passeámos, tivemos ideias de projectos... 
Não conseguíamos acreditar que íamos mesmo vir no Algarve, a dois passinhos da praia!




2. FASE DE PÂNICO
Cerca de um mês depois de nos mudarmos, chegou a fase de pânico. A mudança já tinha passado de um sonho e uma ideia distante, à realidade. O Algarve estava em pleno Inverno, com tuuuuudo fechado e já não parecia aquele local onde passávamos momentos tão bons nas férias. 

A nossa querida casa anterior, que tinha tanto de nós, foi ficando vazia à medida que fomos trazendo as nossas coisas e sentíamos um apertozinho sempre que ela nos lembrava que já nada seria igual. A cozinha que tínhamos remodelado uns meses antes com tanto empenho, inundou e ficou estragada porque (como não estávamos lá) demorou até alguém se aperceber.
Parecia impossível arranjar emprego na nossa área (como contámos aqui, um de nós veio à aventura!).
Um dos nossos avós foi internado e estávamos longe. Longe da nossa família e de apoiar quem é importante.

Será que fizemos uma grande asneira ao vir para aqui?


3. AMIGOS OUTRA VEZ
O problema do emprego resolveu-se, chegou a primavera (enquanto no resto do país se vivia no Inverno) e começámos a habituarmos e a ver o lado bom de viver aqui.

Mantivemos presente a razão pela qual viemos para cá (para, pelo menos, um nós ter boas condições de trabalho) e, visto que esse objectivo foi cumprido, lembrámo-nos de que foi a escolha certa.




4. REVOLTA
Mais ou menos a meio desta aventura, levámos um murro no estômago quando o proprietário da nossa casa nos informou que considerava vendê-la, nos pusemos à procura de uma outra hipótese e não havia.

Mas que m---a de sítio é este, onde se queixam de não encontrar pessoas para trabalhar, mas quando alguém se dispõe a vir, lhe oferecem um emprego de Maio a Outubro e não se consegue encontrar um casa para alugar ao ano (em que chegam a ter a lata de sugerir que se saia durante os meses de Julho e Agosto)?
Onde não se consegue andar 5 minutos sem tropeçar em obras gigantescas para preparar o Verão? Onde se está esquecido até esses meses, e aí se é invadido por metade do país?
Onde os ordenados são tão baixos e o nível de vida tão alto? (e lembrem-se que viemos de Lisboa!)


5. SO IN LOVE (ou, quando chegou o Verão...) 
Ai o verão...
E o que faz com que ele seja melhor do que no resto do país? Antes de mais, começar em Abril e acabar em Outubro. Depois, o facto de toda a gente estar a viver na mesma estação do ano (claro que há os que trabalham enquanto os outros descansam, mas há um cheirinho generalizado a férias). Ou seja, ninguém vai reparar se se andarem a passear por aí de chinelo de enfiar no dedo e calçõeszinhos, não vão olhar para vocês de lado se não tiveram tempo de ir a casa impiriquitar-se depois da praia e forem para o restaurante ainda com areia colada às pernas., etc.

Sair do trabalho às 19.30 e ainda ir dar um mergulho (ou muitos para quem sai mais cedo). Ter praias maravilhosas a pouca distância (e durante meses, tê-las só para nós). As noites quentes dá para sair e deixar o casaco em casa, jantar na varanda ou na esplanada... 

Durante algum tempo, quase nos sentimos de férias, apesar de termos de trabalhar.
Escusado será dizer que foi durante esta fase que tomámos a decisão de comprar casa (pois é, todo um tema para outro post).




6. RELAÇÃO ESTÁVEL
Já conhecemos bem a vida por aqui, já vimos o melhor e o pior. Temos saudades de Lisboa (especialmente da nossa família/amigos) e sabemos que, se ficarmos aqui vamos ter sempre saudades de lá, e que se formos para lá vamos ter saudades do Algarve. Percebemos também que qualidade de vida (que tanto nos dizem que devemos ter, só pelo sítio onde vivemos) é um conceito muito relativo e que depende tanto de pessoa para pessoa. Para nós, está realmente associada ao sol e bom tempo (por isso escolhemos bem).

Mas se trabalharmos horas e horas por dia num local que odiamos e que nos tira anos de vida, não tivermos ninguém com quem partilhar os bons e maus momentos (e se mesmo tendo, não consigamos encontrar tempo e energia para aproveitar), de nada serve.
Não estamos a dizer que é essa a nossa situação. Apenas que, se há algo que os últimos tempos nos ensinaram (não só com esta mudança, mas por um sem número de coisas que aconteceram) é que a vida é realmente imprevisível e temos por certas coisas que não o são. É por isso que queremos mesmo aproveitar mais, e vos dizemos que a qualidade não tem tanto a ver com o lugar, mas mais com o que tipo de vida que decidimos levar e com a nossa forma de tirar o melhor de cada momento e cada experiência, onde quer que seja.

Continuem a acompanhar-nos,
Catarina e Tiago

1 comentário:

  1. Eu admiro tanto as pessoas com a vossa coragem. Muita, muita sorte para o futuro. bjs

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...